sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Os Conjurados de 2010

O momento era solene na Quinta do Espingardeiro. Sua Alteza Real El-Rei D.Duarte II, novo rei de Portugal, recebia os conjurados que o haviam restaurado na Coroa depois dos extraordinários eventos daquela manhã.

Assinalando-se como de costume todos os anos a romagem do 1º de Dezembro, grupos monárquicos haviam convocado para esse dia e através do Facebook e SMS uma manifestação contra o regime no Terreiro do Paço em protesto contra a degradação das instituições e do prestígio do país. Bloggers do 31 da Armada, João Braga, Paes do Amaral, Paulo Teixeira Pinto, entre outros, estavam entre os promotores e cedo se juntaram no local onde em 1908 o saudoso rei D.Carlos fora assassinado por cobardes carbonários.

Habitualmente discreta e pouco participativa, desta vez muita juventude marcava presença, descontente com o estado das coisas, afinal os melhores anos de glória nacional foram sob a égide de reis e em novecentos anos oitocentos haviam sido em monarquia.

Rápido alguns milhares acorreram em apoio.O fadista João Braga, usando da palavra ,incitava contra os corruptos e vendilhões da Pátria, momento em que um grupo mais determinado apelou a que se restaurasse a monarquia no país. Inflamados e fugindo ao controlo dos poucos policias destacados, marcharam até à fragata Corte-Real, ancorada em Alcântara, onde em dia de folga só o oficial de dia e alguns marinheiros permaneciam. Invadindo a mesmo e aprisionado o pobre tenente de serviço, fuzileiros veteranos à paisana apoderaram-se do navio e do paiol, para gáudio da populaça,com nacionalistas e skinheads à mistura, bem como alguns noctívagos pouco antes vindos duma noite nas docas, conduzindo o amotinado vaso de guerra para Belém, onde via rádio e já frente ao palácio presidencial contactaram o Estado Maior da Armada.Mal este imaginava que vinha aí um 31…

Enquanto grupos civis cortavam os acessos a Belém e S.Bento e as saídas dos cacilheiros e metro, os do Corte- Real ameaçavam com fogo sobre o Palácio e exigiam a rendição do Presidente da República. Este encontrava-se na residência da R. do Possôlo, ironicamente acabando uma fatia de bolo-rei... O Chefe da Casa Militar tentava parlamentar com os revoltosos, enquanto o presidente era evacuado para a Base Aérea nº1, em Sintra.

Entretanto,Paes do Amaral, conde Cantanhede ia-se desdobrando em contactos com a comunicação social, captando apoios e tempos de antena, a CNN ,alertada, tinha já um correspondente no terreno. D.Duarte, que se encontrava tranquilamente a beber um café na Natália, em S.Pedro,pelo telemóvel ia sendo informado do curso dos acontecimentos.

O primeiro ministro José Sócrates, ausente em Caracas, informado pelo telefone, ameaçava com a força militar. Chavez auxiliaria o amigo, mas no terreno os regimentos tardavam a reagir, em dia feriado. A Armada ainda tentou accionar o novo submarino, o Tridente, mas este tinha o pessoal ainda em formação e nunca fizera tiro real. Os Comandos, surpreendidos, não tinham operacionais ou artilharia, estava tudo no Kosovo e Afeganistão.

Pelas quatro horas, os conjurados com o apoio de forças civis invadiram o Palácio de Belém, apeando a foto de Cavaco Silva e içando a bandeira azul e branca. Uma proclamação ao país circulava já nos SMS e no Facebook. Mais bandeiras azuis e brancas se multiplicavam agora nas ruas da Baixa e no mastro do Castelo de S. Jorge.

Às cinco horas, sem tropas ou apoios e sem derramamento de sangue,caía a III República implantada a 25 de Abril de 1974.As redes sociais estavam entupidas e os telemóveis saturados,o Hino da Carta era o vídeo mais visto no You Tube.

Por essa hora, na casa de Sintra, D.Duarte recebia uma delegação de conjurados que em exaltação patriótica o proclamaram legítimo herdeiro do trono gritando real por el-rei de Portugal. Ainda atónito e rodeado de Isabel Herédia e dos filhos, aceitou o pesado fardo que o povo português, nação de gente boa lhe pedia, e em cortejo trunfal partiu para a Ajuda num UMM blindado, escoltado por motards e campinos a cavalo.O bisavô D.Miguel, derrotado em Évoramonte exultaria por certo lá onde estivesse.

Na sala do trono no Palácio da Ajuda logo as forças armadas prestavam lealdade ao novo monarca, enquanto as chancelarias europeias mandavam felicitações, quase todas monarquias por sinal, os primos da Holanda, Juan Carlos,Alberto II,Beatriz, tudo família.

Dirigindo-se da janela ao povo eufórico que aos milhares ali se juntara e envergando o manto branco que pertencera a D.Carlos, o novo rei prometia democracia e pluralismo ,respeito pela tradição e julgamentos isentos para os derrotados, seria um monarca constitucional e moderno. Frente à multidão inflamada,uma banda no final tocou o Hino da Carta. Os Braganças estavam de volta.

Depois, as primeiras medidas: a extinção da Guarda Nacional Republicana substituída pela Guarda Real, a convocação de Cortes, a nomeação dum governo, chefiado por Paulo Teixeira Pinto. A aclamação oficial de D.Duarte II ocorreria na Sé um mês depois, perante o clero, a nobreza, e os parceiros sociais.

Ainda nessa noite, o deposto presidente Cavaco Silva partiu para o exílio em Lanzarote, ficando com residência fixa numa vivenda onde outro português já morara. Perturbado, ao embarcar falava sozinho e soltava frases sem sentido, como alimentar o monstro e violar e-mails.O ex-primeiro ministro José Sócrates, ameaçado com prisão se regressasse, ficou pela Venezuela, onde lhe foi oferecido um lugar como administrador numa empresa de computadores. Nas ruas, o povo exultava, grupos de forcados de Salvaterra e ganadeiros de Alter acorriam a celebrar o novo rei, agora reinstalado e não mais embuçado.Uma corrida à antiga portuguesa celebraria com pompa a entronização, a velha nobreza e os marialvas estavam vingados.

Refreadas as emoções desse dia histórico, havia que retomar a administração da coisa pública. Três dias depois, Conselho de ministros das Finanças da UE em Bruxelas. O novo ministro ,agora rebaptizado da Fazenda, o marquês da Amareleja, muito cumprimentado pelos outros colegas ouvia o plano de resgate para a economia portuguesa: liberalizar os despedimentos, tirar mais 3% suplementar aos vencimentos, privatizar toda a segurança social. Desolado, pedia tempo para o novo regime atacar os problemas e dar a volta à trapalhada herdada dos republicanos, ainda estavam em estado de graça. Sorumbáticos, os colegas negaram, monarquia ou república estavam ali para resolver problemas a sério e não para reinar….

F. Morais Gomes

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Entrevista imaginária a El-Rei D. João IV


UA MAJESTADE el-Rei Dom João IV, vigésimo primeiro Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar, primeiro soberano da quarta dinastia, a de Bragança, falecido em 1656, isto é, há 355 anos, depois de alguns convites que lhe fiz, acabou por aceder materializar-se, concedendo-me esta falsa entrevista.
Chegou para o encontro com o porte exigido a um monarca, cumprimentou com um ligeiro movimento da cabeça, e sentou-se. No semblante, um bigode tremelique e aquela sobrancelha arrebitada eram sinais de uma incontida expectativa. E começámos:


P - Dizem os cronistas que Vossa Majestade, nos idos de 1640, aquando da restauração da independência, teve alguma relutância em assumir-se como mentor do movimento dos conspiradores. Qual a razão daquela prudência, quiçá hesitação?
R – Na altura, ainda jovem e bem instalado, não era muito voluntarioso, e se não fosse a insistência de dona Luíza, minha esposa, não me teria aventurado. As mulheres acabam sempre por marcar a vida dos homens, para o melhor e para o pior. Mas numa situação daquelas caímos sempre naquela angústia que assalta quem não possui o dom de predizer o futuro, isto é, se aquilo em que nos vamos empenhar irá ser melhor ou pior para o país. Olhe, parafraseando o que há dias disse o vosso contemporâneo Otelo, se soubesse o que sei hoje, provavelmente, também não teria dado aquele passo.
P - Concorda então com a posição do coronel Otelo?
R – Não, não concordo. Esse homem quer excluir-se de ter sido protagonista e ter tido responsabilidades num projecto que, entre muitos achaques e solavancos, foi corrompido e está a correr mal. Em resumo, quer reescrever a História. Não podendo fugir, quer ver-se desligado do acontecimento. Essa é a pior cobardia que conheço. Eu, enquanto por cá andei, arrisquei, fiz o que pude, nunca enjeitei a causa da restauração, muito embora agora, tanto tempo decorrido, conclua que os seus objectivos a longo prazo não tenham sido atingidos. 
P – Voltemos então a 1640. Ao passo que uma parte da aristocracia se sentia confortada com o domínio dos Filipes, havia outra que queria evitar a definitiva integração de Portugal no reino de Espanha. Quanto ao povo, também esgotado e cheio de exaltação patriótica, não se eximiu a corresponder aos sacrifícios que lhe foram exigidos. Tomou o partido dos segundos porquê?
R – Fui mais empurrado que convencido por esse lote de aristocratas a quem interessava voltar e gozar da independência, pois não é muito rentável partilhar teres e haveres com o vizinho do lado, além de que não há nada como cada um ter o seu quintalzinho para governar. E nessas alturas apelar ao patriotismo dá muito jeito, pois o povo não percebe que tanto é explorado de uma forma como de outra, mas gosta que lhe digam, em certos momentos, que é protagonista, e que está nas suas mãos a salvação e os destinos do país.
P – Então, dessa sua anuência em ostentar a coroa e iniciar uma nova dinastia, e à distância de 355 anos, que saldo podemos concluir?
R – Apenas que voltámos a adiar a nossa decadência, e pouco mais. Em 1640 eu não era um Mestre de Avis, como o de 1383, que se pôs à cabeça de um povo que era a força motriz da revolução, a tal arraia-miúda de que falava o Fernão Lopes. Eu era apenas a cabeça para receber a coroa, caso os quarenta insurrectos fossem bem sucedidos.
P – E foram! Não há dúvidas que tiveram sucesso, mas quanto ao propósito, será que era bom?
R – Só quando se materializa em progresso. Se, pelo contrário, cairmos numa espiral de malogros, o mais certo é que estejamos a falar de um estado falhado. A responsabilidade disso cabe sempre aos governantes, muito embora em democracia, como é agora o caso, o povo eleitor também tenha que partilhar essa responsabilidade, sobretudo quando acredita em falsas promessas, e mesmo assim não se emenda nas escolhas, e até reincida.
P – Então a restauração não passou de uma ilusão…
R – Ganhámos a independência em termos militares, porque o nosso vizinho não reagiu de imediato, pois estava no meio de uma guerra com os franceses, e a nossa conspiração foi tão artesanal que passou despercebida. Ganhámos a independência política, mas de lá para cá a verdadeira soberania portuguesa foi-se enfraquecendo e desbaratando por outros caminhos.  
P – Como assim?
R – Fomos descobridores, colonizadores, mas também nos deixámos colonizar.
P – Dê-me exemplos…
R – Tornámo-nos um protectorado dos ingleses com o tratado de Meetwen, desenhámos o mapa cor-de-rosa e responderam-nos com o ultimato inglês, acabámos por ceder as Lages, sob a ameaça de ocupação por parte dos EUA e Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, e aceitámos a brutal redução da agricultura e das pescas, após a adesão à União Europeia, quase transformando o país num mero mercado consumidor de produtos importados. Agora ostentamos a segunda maior fuga de cérebros de toda a OCDE, a segunda maior vaga de emigração e a pior dívida pública dos últimos 160 anos. Temos a maior dívida externa dos últimos 120 anos, coisa que em termos brutos é quase oito vezes maior do que as nossas exportações, com a austeridade e a recessão sempre a rondar-nos a porta. E já vamos na terceira intervenção do FMI. O resultado final é que o povo vai empobrecendo cada dia que passa, ao passo que o Estado exibe uma ostentação faraónica…
P – Vossa Majestade está bem informado!
R – Pudera! Ser observador não paga imposto. Por isso sou tão pessimista e descrente do que se ganhou com a restauração da independência, dado estarmos hoje no ponto em que estamos, que nem com os amigos se pode contar…
P – Quais amigos?
R - Falar de países amigos é pura hipocrisia. Ao longo da História, nunca se disse maior bravata. Os povos e os países sempre escolheram os seus “amigos”, em função dos seus interesses. A amizade genuína, mesmo entre indivíduos, é quase um produto residual, senão mesmo raro. Assim sendo, os portugueses não se devem escandalizar quando agora aparecem alguns países da União Europeia a recusarem-se contribuir para o resgate da dívida soberana, apontando-nos a porta de saída do euro, ao mesmo tempo que nos apaparicam, para que continuemos a consumir o que eles para cá exportam. Portanto, não se admirem que já haja 39% de espanhóis que concordam com a unidade ibérica, ao passo que 46% de portugueses vão pelo mesmo caminho, pois ambos os países partilham a mesma jangada e a união faz a força…
P – Vossa Majestade já está a fazer futurologia, a qual não elimina a continuada política de traição, perda de energia e definhamento, que levou Portugal a perder a pulsação…
R - Miguéis de Vasconcelos há muitos e para todos os gostos, eles andam por aí. Mas o pior são os traficantes da política, isto é, aqueles cuja acção não coincide com o que dizem, nem com o que pensam, mais o facto de os portugueses continuarem a ter memória curta, serem cada vez mais ingénuos e campeões dos brandos costumes…
P – Que solução sugere?
R – Tal como eu não posso ressuscitar, também vocês não podem recuar até 1974 ou 1640, e de lá ensaiarem outras soluções, reescrevendo a História. Mas podem, a partir de amanhã, mudar de rumo e fazer escolhas acertadas. Se Portugal, com engenho e arte, foi tantas vezes pioneiro e inovador, porque não há-de voltar a sê-lo?


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Novo livro sobre tragédia de Camarate lança pistas sobre negócio de armas


O livro Camarate, Sá Carneiro e as armas para o Irão , do jornalista Frederico Duarte Carvalho, lança pistas sobre ligações entre a tragédia de Camarate e um negócio de venda de armas que nunca foi investigado.

«Com o avançar da investigação jornalística, fui acumulando histórias que comprovavam que por detrás da ocultação de Camarate estava um negócio de venda de armas para o Irão, um inquérito a um fundo financeiro secreto controlado por militares e ainda uma série de forças que se aliaram contra a figura do primeiro-ministro Sá Carneiro», resume o autor, no prelúdio do livro, editado pela Planeta, que vai ser lançado na sexta-feira.

Em declarações à Agência Lusa, Frederico Duarte Carvalho defendeu que «muito provavelmente, o atentado está ligado a um nunca investigado negócio de tráfico de armas» que «envolvia elementos ligados a uma facção da CIA e se calhar também a serviços secretos iranianos».

No livro, são também expostas «ligações profundas e documentadas» entre «vários personagens internacionais», destacando-se a presença em Lisboa, em 1977 e 1981, de Frank Sturgis, um norte-americano «conhecido pelas suas ligações à CIA» que contactou com «pessoas que conheciam Farinha Simões», o homem que diz ter organizado o atentado em que morreu Sá Carneiro.


Mais um livro para adquirir pelo Natal...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Jantar dos Conjurados 2012 - Não Falte!




Irá realizar-se no próximo dia 30 de Novembro o tradicional Jantar dos Conjurados, promovido pela Causa Real, na presença de SS.AA.RR. os Senhores Duques de Bragança.

Este evento é aberto a todo os associados da Causa Real e aos seus convidados, assim como a todos aqueles que se queiram associar à evocação de uma data marcante da nossa História que assinala o Aniversário da Restauração da Independência de Portugal.

O jantar terá lugar no Hotel Palácio, Rua Particular, Estoril (junto ao Casino do Estoril), 
com parte da receita a reverter a favor da Associação Vale de Acór.

Sua Alteza Real o Senhor Dom Duarte lerá a tradicional Mensagem aos Portugueses pelas 19h00, seguindo-se o jantar.

O Secretariado da organização do Jantar funcionará na Sede da Real Associação de Lisboa
Praça Luís de Camões, 46 2º Dto 1200-243 Lisboa (ao Chiado)
Tel.:             213 428 115       – secretariado@reallisboa.pt

Os ingressos têm o valor de:
Adultos – 40€
Jovens – 15€ (os primeiros 100 jovens até 25 anos de idade)

De Segunda a Sexta das 11:00 às 13:00 e das 15:00 às 18:00
As reservas e o pagamento poderão ser feitos também online em www.reallisboa.pt até às 18:00 do dia 26 de Novembro.

Não é permitido o levantamento de bilhetes no local do jantar.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Finalmente um pouco de descanso...

Aqui vos deixo algumas fotos da minha "agricultura" destes últimos dias.



 Couves Portuguesas, Pencas e Lombardas de vários tamanhos.




 As romanzeiras e as romãs já colhidas.


Oliveiras depois da colheita.

 Um aspecto das azeitonas (azeitona galega).

Lenha preparada para ser serrada, pois o Inverno está a chegar!

BOM FIM-DE-SEMANA!