sábado, 18 de maio de 2013

Mosteiro do Lorvão


Envolta em diversas lendas, a fundação do Mosteiro de Lorvão tem vindo a ser recuada até ao século VI, época em que, pela primeira vez, foi identificada a paróquia suevo-visigótica de "Lurbane". Muito embora subsista uma pedra de mármore com ornato visigótico (mas há também vestígios arqueológicos de uma villa romana), é mais correcto, na perspectiva historiográfica actual, considerar a sua fundação na sequência da primeira reconquista de Coimbra (878), data a partir da qual surgem as primeiras referências documentais conhecidas (MATOSO, 1993). No século X, a sua importância era já considerável, mas a centúria seguinte trouxe consigo um período de grande decadência. No século XII aconteceram, com certeza, importantes remodelações (c.1180), das quais resultaram, muito possivelmente, um novo claustro e uma igreja de três naves, mas das quais apenas subsistem os capitéis românicos. Tudo o resto desapareceu.
Depois de uma fase inicial na posse dos monges eremitas de Santo Agostinho (dos quais se encontraram esqueletos) ou sem regra fixa, o mosteiro adoptou, em meados do século XI, a Regra Beneditina, que se manteve até 1200, quando passou para a Ordem de Cister. Nesta data, não apenas se adoptou a nova reforma cisterciense, como o mosteiro passou a ser feminino, tendo por invocação Santa Maria. Deve-se esta profunda mudança, que implicou, naturalmente, adaptações nos espaços, a D. Teresa, filha do rei D. Sancho I, que aqui viveu até à data da sua morte, em 1250, encontrando-se sepultada na igreja juntamente com sua irmã, D. Sancha (urnas executadas pelo ourives portuense Manuel Carneiro da Silva, em 1714).
Desta época até às grandes campanhas de obras que, nos séculos XVII e XVIII, conferiram ao Mosteiro o aspecto que hoje possui, muito haveria a registar. Limitamo-nos, contudo, a destacar a importância deste cenóbio no contexto político nacional, no qual ocorreram disputas significativas entre o Rei e as freiras do Lorvão (caso da que opôs D. João III a D. Filipa d'Eça) e o governo de algumas das mais influentes famílias, entre as quais se salienta, naturalmente, as Eça.
A actualização do mosteiro teve início nos últimos anos do século XVI, incidindo, em primeiro lugar, no claustro, numa linguagem renascentista, onde se incluem várias capelas e a que se acrescentou, em 1677, as varandas, já de pendor mais próximo do barroco. A portaria data de 1630, integrada no novo edifício, iniciado na década de 1620. Foi, no entanto, o ciclo barroco que mais marcou o mosteiro, intimamente relacionado com o culto oficializado às Santas Rainhas, cujo processo terminou em 1724 (BORGES, 2002). Numa primeira fase, renovou-se o retábulo-mor e o dourado invadiu o interior da igreja. Em 1728 edificava-se a nova noviciaria num "acto duplamente simbólico", que marcou "o início de uma nova geração de religiosas e ao mesmo tempo o fecho de um grande ciclo renovador das estruturas materiais da comunidade" (IDEM, p. 468).
Contudo, todo este esforço seria inviabilizado uma década mais tarde, quando se procedeu a nova remodelação, entre 1748 e 1761. A igreja foi reconstruída e o seu traçado denota toda uma influência de Mafra, "mas numa versão requintada e esbelta em que o autor se movimenta com á-vontade, dominando com segurança as proporções e a gramática decorativa do classicismo, dando emotividade aos entablamentos" (IDEM, 1986, p. 330). Paralelamente a esta campanha, procedeu-se à mobilação litúrgica e artística. No campo da talha setecentista, o Mosteiro do Lorvão constitui uma referência fundamental à escala nacional, com especial destaque para o cadeiral do coro-baixo (1742-47), em jacarandá e nogueira, com espaldares altos e decorado com figuras de santos mártires, envoltas por folhagens.

Fonte: IGESPAR

Este Mosteiro encontra-se muito degradado e quase ao abandono... é uma vergonha pois nele se encontram sepultadas as netas do nosso primeiro Rei Dom Afonso Henriques, Dona Teresa e Dona Sancha!

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