quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Obrigado Santo Padre Bento XVI

O Santuário de Fátima homenageia o Santo Padre Bento XVI, a poucos dias da resignação do seu ministério pontifício.
De forma singela, através de um pequeno filme de dois minutos, o Santuário de Fátima agradece ao Papa o seu pontificado e a sua peregrinação à Cova da Iria, de 11 a 14 de maio de 2010.
As palavras reproduzidas no filme são as que Papa Bento XVI proferiu, a 12 de maio, na Capelinha das Aparições, no momento da Consagração a Nossa Senhora e da oferta da Rosa de Ouro.



Petição OBRIGADO SANTO PADRE!


SANTIDADE, obrigado pela sua entrega incondicional a Jesus Cristo, à Sua Igreja e ao bem do Homem todo e de todos os Homens, desde o seu início até à morte!

Agradecemos de todo o coração a sua vida e o seu Pontificado que tão importantes foram para nos encorajar e guiar no caminho da santidade.

Agradecemos o seu amor corajoso e fiel à Verdade.

Agradecemos a defesa e promoção constantes da vida e da Paz.

Através deste simples gesto receba o nosso reconhecimento, gratidão, amor e oração. 

Os signatários

ASSINAR AQUI


domingo, 24 de fevereiro de 2013

Lisboa: 400 mil cartazes dizem «obrigado» a Bento XV


Lisboa, 21 fev 2013 (Ecclesia) – Um grupo de leigos católicos do Patriarcado de Lisboa financiou a distribuição gratuita de 400 mil cartazes de agradecimento ao Papa Bento XVI, que resigna ao pontificado a 28 de fevereiro.

Metade dos cartazes, na horizontal, apresenta Bento XVI em gesto de saudação, e os restantes, orientados verticalmente, mostram o Papa a rezar diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, no santuário da Cova da Iria, durante a sua visita a Portugal entre 11 e 14 de maio de 2010.

Os fiéis que contrataram a aquisição dos cartazes optaram por manter o anonimato, revelou hoje à Agência ECCLESIA o padre Nuno Fernandes, porta-voz do Patriarcado de Lisboa, instituição que apoia a divulgação da iniciativa.

Os cartazes, com a dimensão de duas folhas A4, têm fundo amarelo e são dominados pelo branco, cores da bandeira da Santa Sé, enquanto que as fotografias de Bento XVI foram impressas em tons de cinzento.
As palavras, também a cinza, destacam a frase “obrigado Bento XVI”, seguida da data em que o Papa renuncia, 28 de fevereiro de 2013, a indicação “Patriarcado de Lisboa” e, no fundo, uma sugestão: “coloque o cartaz na janela de sua casa, com vista para a rua num gesto de união e reconhecimento”.

Os exemplares estão a ser distribuídos nas paróquias de São João de Deus e Nossa Senhora do Amparo de Benfica, ambas na cidade de Lisboa, em Oeiras, Cascais e Caldas da Rainha, revela a página do Patriarcado no Facebook.

De acordo com o padre Nuno Fernandes os cartazes serão também distribuídos em Fátima, existindo pedidos de informação sobre a iniciativa provenientes das Dioceses de Setúbal e Viseu.



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O fascismo do "Grândola Vila Morena"



Sophia de Mello Breyner cunhou uma expressão engraçada para classificar as tácticas inquisitoriais dos companheiros de estrada do PCPo "fascismo do anti-fascismo" . Esta intolerância de esquerda foi criada antes do 25 de Abril e, como é óbvio, conheceu o seu esplendor no PREC. Mas, volta e meia, a agressividade dos virtuosos reemerge. Nos últimos dias, por exemplo, têm caído alguns pinguinhos: meninos e meninas têm usado "Grândola Vila Morena" como forma de calar outras pessoas. Uma música criada para promover a liberdade de expressão foi assim transformada numa arma contra a liberdade de expressão.
Os novos cantadeiros do "Grândola Vila Morena" dizem que são anti-fascistas. Bom, sobre isso nada sei, mas sei que são bons aprendizes de fascistas. Têm todas as sementes do bicho. Em primeiro lugar, revelam uma total intolerância em relação ao outro lado; há que malhar na "direita" (assim mesmo: a "direita", um bloco compacto, monolítico, desumanizado, desprezível e espezinhável). Em segundo lugar, respiram e transpiram ódio, um ódio que escorre pelos cartazes, pelos rostos, pelas vozes. E, de forma mui fascista, esta malta tem orgulho nesse ódio. Aquilo que os define é o amor que têm pelo seu ódio, adoram odiar a "direita" ou seja lá o que for. Esta elevação do ódio à categoria de virtude é a marca do fascista, seja ele castanho ou vermelho. Em terceiro lugar, temos a consequência lógica das duas premissas anteriores: o culto da violência. Se a "direita" é espezinhável, se não vale a pena ouvir o outro lado, se o ódio é uma virtude que confere uma legitimidade superior, então a violência é legítima e não faz mal dar uns carolos no Relvas. Aliás, só faz bem dar uns tabefes no Relvas.

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/o-fascismo-do-grandola-vila-morena=f788548#ixzz2LYyySZAr

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Bento XVI: a tristeza imensa de uma alegria ilimitada - por Nuno Serras Pereira


Levei várias horas a recompor-me da notícia inesperada da resignação do Papa Bento XVI. A tristeza, como que um luto abissal, que me invadiu não há palavras que a descrevam. Desde o meu noviciado, se a memória não me atraiçoa, em 1981 que os seus escritos alimentaram, confirmaram, robusteceram a minha Fé. A sua cooperação leal, corajosa e sintónica com o Santo Padre João Paulo II foi um prodigioso milagre providencial que salvou e fortaleceu a Fé e a Igreja no mundo inteiro, em especial no ocidente.

A sua admirável inteligência, a sua profundidade espiritual, a sua grandíssima coragem, a invulgar, mesmo genial, penetração teológica, o seu singular amor e fidelidade à Verdade, a extraordinária capacidade de diálogo, sem a mínima renúncia ao anúncio do Evangelho, a excepcional humildade, o seu amor inaudito por Jesus Cristo, a Sua Igreja e por todos os homens, tudo isto, e muito mais, garantem-lhe um lugar destacado na história da Igreja e, assim o creio firmemente, a futura canonização. Não há dúvidas que temos de dar muitíssimas Graças a Deus por nos ter concedido este Papa.

Mas apesar do meu intenso sentimento de orfandade, tenho a certeza firme que Bento XVI nunca teria resignado se não tivesse uma iluminação particular de Deus que o movesse a tal, para maior bem do mundo e da Igreja. Daí que a minha ilimitada melancolia se tenha transformado numa alegria imensa. 

É Deus que guia a Sua Igreja. Ele providenciará para que daqui advenha um maior bem para todos.

O que agora a Igreja quer, e seguramente o Papa Bento XVI o deseja com todas as veras, é que todos os católicos rezemos ao Espírito Santo implorando-Lhe que ilumine os Cardeais eleitores para que seja escolhido aquele que Ele quer como sucessor de Pedro e Vigário de Jesus Cristo na terra.

Uma última palavra sobre este Papa e o dia que hoje vivemos. Faz hoje, dia de Nossa Senhora de Lurdes - a Imaculada Conceição -, 6 anos que a maioria dos portugueses, que foram às urnas, votou criminosa e ignobilmente a liberalização do homicídio, em forma de aborto provocado, dos mais inocentes, vulneráveis e indefesos. Desde então só ao abrigo desta “lei” infame e abominável, sem ter em conta os clandestinos que continuam a proliferar, já se dizimaram oitenta mil portugueses. Esta tragédia inominável revela com uma clareza meridiana o elevadíssimo grau de demência suicido-parricida a que chegamos. Depois espantam-se com o aumento exponencial quer de suicídios de mulheres, quer de mães que assassinam brutalmente seus filhos já nascidos para logo em seguida se matarem.

Ora neste breve Pontificado de Bento XVI - coisa que é, sabe-se lá porquê, habitualmente silenciada nas conferências, palestras e debates sobre o seu Magistério - a quantidade e alta qualidade das suas intervenções sobre a defesa da vida é verdadeiramente impressionante.

De importância semelhante são as numerosas intervenções que fez quer como Cardeal quer como Papa em defesa do Crucifixo (Crucificado) no espaço público. Por isso parece boa-ideia homenagearmos o ainda Papa Bento XVI dependurando das janelas e varandas das nossas casas o estandarte de Cristo para o Ano da Fé.


11. 02. 2013

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Bento XVI anuncia a decisão de deixar o cargo. Sede vacante a partir de 28 de fevereiro. Eleição do novo Papa em março

Eis as palavras com que Bento XVI anunciou a sua decisão:

Caríssimos Irmãos,

convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.




"Creio, creio creio!

Na Igreja Una
   Santa
Católica e 
Apostólica"


VIVA O PAPA!!!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

DOM DUARTE, O REI QUE "IRRITOU" MARCELLO CAETANO




A família real esteve exilada desde 1834 e só foi autorizada a regressar a Portugal em 1950.
Duarte, da parte do pai, e Pio, da parte do padrinho, o Papa Pio XII. Dom Duarte Pio, Duque de Bragança, nasceu no estrangeiro, mas em território português: "Pela lei da monarquia só pode ser Rei de Portugal alguém que nasceu em Portugal e que seja português. Para assegurar essa hipótese, os meus pais conseguiram que a minha mãe ficasse instalada na Embaixada portuguesa, em Berna, e foi lá que nasci". A Família Real esteve exilada desde 1834 "após a vitória do exército liberal que invadiu Portugal e que derrotou o exército português e exilou o Rei Dom Miguel". Mais tarde, em 1910, "foi o exílio de Dom Manuel II". Apesar da Família Real ter demonstrado, por várias vezes, vontade de regressar a Portugal, só teve autorização para o fazer em 1950: "A Assembleia Nacional tinha bastantes deputados monárquicos. O governo não queria retirar o exílio, mas o grupo de deputados monárquicos lançou a proposta e acabou por ganhar".
O regresso só aconteceu três anos depois porque, apesar do governo ter aceite, ia dizendo "não venham já". Dom Duarte tinha oito anos quando chegou a Portugal e recorda com "grande emoção" os "três ou quatro dias de viagem de carro": "Tenho outra experiência menos agradável! Quando chegámos a Gaia, fomos comidos pelos mosquitos nas primeiras noites e a minha mãe foi buscar o véu do vestido de noiva e transformou-o num mosquiteiro para cobrir as nossas camas."
Ficaram "muitos anos" instalados na Quinta da Boavista, em Vila Nova de Gaia, propriedade da Condessa da Covilhã, porque não tinham onde ficar: "Quando o Rei Dom Manuel II morreu, o Estado expropriou as nossas propriedades de família e transformou-as numa Fundação". Mais tarde, "por instruções do governo, a Fundação passou a pagar uma quantia" à Família Real "e arranjou uma casa perto de Coimbra": "Era um antigo convento que foi restaurado e que o meu pai achava muito pouco prático porque gastava-se muito em aquecimento. E a minha mãe sofria muito com o frio porque era brasileira e não estava habituada."


LER ENTREVISTA COMPLETA NO BLOGUE FAMÍLIA REAL PORTUGUESA

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

MONARQUIA CRISTÃ E ESTADO SOCIAL


HOMILIA DA MISSA EM SUFRÁGIO DE S.M.F., EL-REI DOM CARLOS I E DO PRÍNCIPE REAL, DOM LUIZ FILIPE


1. Introdução. «Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “O reino de Deus é como um homem que lançou a semente á terra. Dorme e levanta-se,noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terraproduz por si, primeiro, a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga. E quando o trigo o permite, logo se mete a foice, porque já chegou o tempo da colheita”» (Mc 4, 26-34).

Nosso Senhor serve-se do ciclo da vida natural para nos infundir a certeza da esperança, virtude que, com a fé e a caridade, alimenta toda a vida cristã. Depois de lançada a semente à terra e nela enterrada, só seria expectável a sua morte mas, por paradoxal que possa parecer, é esse seu enterramento o princípio da vida que, a seu tempo, brotará.

Também as vidas que tombaram por um ideal nobre são sementes de novos valores: o sangue dos mártires é sementeira de novos cristãos, como o generoso sangue de El-Rei D. Carlos I e do Príncipe Real, assassinados no dia 1 de Fevereiro de 1908, no Terreiro do Paço, é penhor de uma renovada esperança de um tão desejado e urgente renascimento nacional.

Esta comemoração oficial da nefasta efeméride não pretende ser apenas uma sentida e justa evocação de Sua Majestade Fidelíssima e de Sua Alteza Real, mas também uma afirmação de fé cristã e de fervor patriótico, na expectativa de uma nova era na multissecular história de Portugal.


A esta sentida homenagem não se pode deixar de associar, por imperativo evangélico – «não separe o homem os que Deus uniu» – Sua Majestade Fidelíssima a Rainha Dona Amélia, bem como seu augusto filho, El-Rei D. Manuel II, cujos corpos descansam também no Panteão da Casa Real, anexo a esta Igreja de São Vicente de Fora, a cujo Reitor muito agradeço a cedência do espaço sagrado para esta celebração. Nestes últimos membros do ramo primogénito da Família Real, cumpre também saudar todos os Reis e Rainhas, Infantas e Infantes da Casa de Bragança, a todos unindo numa mesma prece de gratidão e de piedoso sufrágio pelas suas almas.   

2. Cumprimentos. Antes de prosseguir com o comentário dos textos agora proclamados, é minha obrigação saudar muito especialmente Suas Altezas Reais os Senhores Duques de Bragança, não só nas suas insignes pessoas, mas também nas inúmeras gerações dos seus augustos Avós, e de Avós dos seus Avós, que, enquanto Chefes da Casa Real, tão dignamente representam.


Cumprimento também, com toda a deferência, a Causa Real, aqui representada pelo seu Vi ce-Presidente e pelo Presidente do Conselho Superior, a Real Associação de Lisboa, a quem agradeço a gentileza do convite para presidir a esta celebração eucarística, o Instituto da Nobreza Portuguesa, a Associação da Nobreza Histórica de Portugal, os dignitários das Ordens dinásticas de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e de Santa Isabel, e ainda uma expressiva representação das ordens pontifícias do Santo Sepulcro de Jerusalém, na pessoa do seu Lugar-Tenente, e da Ordem Soberana e Militar de Malta, representada peloPresidente da Assembleia dos Cavaleiros Portugueses.

Uma menção particular é ainda devida aos numerosos membros das diversas Reais Associações e da Juventude Monárquica que, pela sua entusiástica presença, permite crer na perenidade destes seus generosos ideais.


Saúdo também quantos fiéis quiseram participar nesta Santa Missa, quaisquer que sejam as suas convicções políticas, porque a celebração eucarística, máxima expressão da liturgia eclesial, a todos une na fé católica e apostólica, abraça na mesma caridade e alenta na mesma e única esperança sobrenatural.   

3. Uma questão de identidade nacional. Une-nos a este altar a fé cristã, que a Igreja professa, e que é a razão deste invisível reino de Jesus Cristo Nosso Senhor, Rei de Reis e Senhor de Senhores.


O povo cristão não se define principalmente por uma terra, porque até a pátria terrena do Filho de Deus conta apenas, infelizmente, com uma exígua presença católica. Não se estabelece em virtude de uma língua oficial, pois os cristãos não comunicam entre si através de nenhum idioma comum, nem falam segundo o modo humano em que se expressava aqui na terra o seu divino Fundador. Não decorre de uma determinada organização política ou administrativa, porque são muitas e muito variadas as sociedades que se filiam no espírito cristão, sem outro condicionalismo que o imposto pelos princípios éticos naturais e pelos critérios morais do Evangelho.

Então, que povo é este que não tem uma terra própria, nem uma língua comum, nem uma específica organização jurídica?! Onde radica a sua identidade? Na fidelidade a Alguém que sendo, perfeito homem, é também Deus perfeito, na comunhão do Pai e do Espírito Santo. É Jesus Cristo, Nosso Senhor, a razão de ser do povo que somos e da história que é d’Ele, porque a Igreja mais não é do que a sua real presença no espaço e no tempo.


Se a personalidade se afere pela memória, enquanto registo cronológico de uma existência que, não obstante as diversas fases da vida, se afirma sempre a mesma, porque referida a um mesmo e único sujeito, a história pátria é o factor mais determinante da identidade de uma nação. Mais do que os acidentes geográficos, as riquezas naturais, a língua ou as especificidades jurídico-constitucionais, é o nosso passado comum que dá razão da nossa condição de portugueses. Por isso não somos apenas mais um povo peninsular, nem muito menos um mero Estado europeu, no concerto cada vez mais desconcertado de um continente à deriva, mas uma unidade de destino no universal. E, se o somos, aos nossos Reis, mais do que ao território ou à nossa língua, o devemos.

Foi a vontade de D. Afonso I que desgarrou este torrão à monarquia leonesa e lhe deu uma individualidade muito própria e específica. Foi a coragem de D. João I que, com o imprescindível auxílio do Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira, em religião São Nuno de Santa Maria, fez possível a ousadia de Aljubarrota, quando o exército castelhano ameaçava a independência nacional. Foi a audácia de El-Rei D. João IV que, com a destemida colaboração dos quarenta conjurados, deu à nação portuguesa a força de que carecia para se libertar do jugo filipino.


Queremos crer que quem hoje representa tão insignes exemplos de patriotismo, é também a bandeira que une todos os verdadeiros portugueses que, conscientes do dom da sua identidade, amam e defendem a independência e a soberania nacional. Queira Deus que aos patriotas de agora não falte, como não faltou em 1385 e em 1640, a coragem de arremeter contra os inimigos da nação, nem a liderança firme do seu Chefe natural, que é quem, por ser o representante do fundador da nacionalidade e de todos os seus sucessores na chefia do Reino, é também o indiscutível herdeiro do património histórico da nação. Se se pretende a refundação do Estado, pois que seja na fonte inesgotável da nossa tradição, porque só assim se poderá garantir que essa nova configuração nacional corresponderá, efectivamente, à identidade do povo que somos.

4. Uma monarquia cristã. Se alguma nota caracteriza, desde os seus primórdios, a monarquia lusitana é, precisamente, a sua estreita vinculação à religião cristã. Por este motivo, e pela ininterrupta vassalagem dos nossos monarcas à cátedra de Pedro, mereceram o tratamento de Fidelíssimas Majestades, ao jeito de como também o soberano castelhano se diz Católico, ou Cristianíssimo o rei francês.


É certo que a monarquia há-de ser, como sempre foi, um regime inclusivo e que, portanto, não seria de propor um anacrónico regresso a uma hipotética confessionalidade do Estado. Mas a abrangência da mais alta magistratura não pode ser óbice para o cumprimento da sua iniludível função moral. O carácter partidário de qualquer candidatura presidencial vincula necessariamente o Chefe de Estado que, por mais que se invoque como sendo de todos os portugueses, nunca perde a sua especial conotação com as forças políticas de que procede e a que deve a sua eleição. Não assim com a chefia natural do soberano, cuja legitimidade não procede de uma força partidária, mas da tradição nacional que, por isso, não conhece outro compromisso que não seja com os valores morais que informam a nossa identidade histórica. Ora a expressão ética mais elevada e universal é a que decorre dos princípios evangélicos, pelo que a condição cristã do monarca não só não é um impedimento para a sua universal aceitação como, pelo contrário, é garantia de que exercerá os seus deveres constitucionais com aquela exemplaridade em que se funda a verdadeira autoridade pública.

Assim se verificou na história gloriosa da monarquia lusitana, porque muitos são os que figuram na galeria dos santos da família de Bragança que, por ser a nossa Casa Real, tanto honra Portugal.


A este propósito recorde-se que, logo na primeira dinastia, se destacam três Infantas de Portugal, filhas de El-Rei D. Sancho I, que subiram aos altares: a Beata Mafalda, que foi Rainha de Castela pelo seu casamento, rato e não consumado, com o Rei Henrique I, e depois professou no convento de Arouca; a Beata Teresa, Rainha de Leão, também ius uxoris, que igualmente se consagrou a Deus na vida religiosa, no mosteiro de Lorvão; e a Beata Sancha, que tomou hábito no Convento de Celas, em Coimbra, por ela fundado e onde foi exemplo heróico das virtudes cristãs.


Santa Isabel, nascida Infanta de Aragão e que acedeu ao trono de Portugal pelo seu casamento com El-Rei D. Dinis, foi formidável exemplo de rainha, de mulher e de mãe. Já nos alvores da dinastia de Aviz, o povo canonizou Dom Fernando, o Infante Santo, decerto pela sua edificante morte no cárcere mouro, em testemunho de amor à pátria e de fidelidade à santa religião.

Em plena era de expansão, surge mais uma Infanta santa, a Bem-aventurada Joana, filha de El-Rei D. Afonso V e da Rainha D. Isabel de Portugal, a quem o povo de Aveiro distingue com uma especialíssima devoção e trata, com a aquiescência eclesial, por Santa, pois nunca se deixou seduzir pela glória passageira dos reinos deste mundo, porque maior era o seu amor a Cristo e ao Reino dos Céus.


Muitos outros, decerto, teriam cabimento neste incompleto rol, mas os exemplos referidos chegam para concluir que uma aura de santidade distinguiu a Família de Bragança e que este é, sem dúvida, o principal pergaminho desta Casa Real e uma das mais subidas graças com que foi distinguida, pela divina providência, esta Terra de Santa Maria, Rainha e Padroeira de Portugal.


Queira Deus que se mantenha sempre viva, na Casa de Bragança, esta piedosa tradição e que quantos se revêem nesta Família e lhe prestam fidelidade, dela aprendam a honrar os seus compromissos cristãos.

A sociedade actual precisa mais de testemunhos do que de testemunhas, porque as obras falam mais alto do que as palavras que o vento leva. A verdadeira fidalguia é a do espírito e, por isso, não pode ser nobre quem não honra a sua fé, quem não mantém a sua palavra dada, quem não é fiel aos seus compromissos matrimoniais e familiares, quem não tem uma conduta profissional honrada, nem quem não pauta a sua vida social pela primazia do serviço e da solidariedade, sobretudo com os mais pobres. O marialvismo é apenas uma grosseira caricatura deste ideal de fidalguia, porque quem vê na sua ilustre ascendência apenas um privilégio e não uma renovada e mais exigente responsabilidade social, não é digno da nobreza do seu sangue, nem pode contribuir validamente para a construção de uma sociedade melhor. O exemplo a seguir é sempre o de Cristo, que não veio ao mundo para ser servido, mas para servir e dar a sua vida pelos homens.


5. Uma monarquia humanista e social. Ao contrário do que sói dizer-se, a monarquia, embora reconhecendo o mérito dos melhores dos melhores, nunca foi nem pode ser elitista. Pelo contrário, o monarca foi sempre o principal aliado do povo, precisamente contra as oligarquias ou as estruturas intermédias que, de algum modo, ameaçavam os seus direitos fundamentais. A esse desvelo dos soberanos pelos seus súbditos mais modestos se deverá seguramente a devota fidelidade destes ao Rei e à Família Real, seus aliados históricos. Com efeito, em qualquer circunstância, o menor dos servos podia recorrer à presença régia, na certeza de que a sua causa, embora julgada com imparcialidade, não seria esquecida.

Não é só o colectivismo totalitário que desrespeita os direitos fundamentais, porque também o liberalismo individualista representa uma gravíssima ameaça social, sobretudo para os cidadãos mais carentes. Hoje, em Portugal, morre-se antes até de nascer e há quem impunemente defenda um inverosímil direito a matar os mais velhos, antes de chegado o termo natural da sua existência terrena, com o pretexto da sua aparente inutilidade em termos económicos. Há filhos abandonados pelos próprios pais, graças ao divórcio expresso, e cônjuges reduzidos à miséria, porque a liberdade irresponsável gozado favor das leis e poderes públicos, que não tutelam a parte mais débil da relação, nem os legítimos interesses da indefesa prole.


A título de exemplo, permita-se a referência a um dado histórico muito significativo do carácter eminentemente personalista da monarquia lusitana. Como é sabido, nem todos os soberanos reinaram até à sua morte, porque alguns houve que, por razões várias, foram excluídos do exercício efectivo da realeza. Assim aconteceu, por exemplo, com os Reis D. Sancho II e D. Afonso VI, afastados do trono ainda em suas vidas e substituídos nas funções reais pelos seus irmãos e imediatos sucessores, que vieram a reinar com os nomes de D.Afonso III e D. Pedro II, respectivamente. Também a Rainha D. Maria I não esteve à frente da governação do reino até à sua morte, por incapacidade resultante de doença grave, que obrigou à sua antecipada substituição pelo que, com o título de Príncipe Regente, viria depois a ser El-Rei D. João VI.

Pois bem, muito embora estes três monarcas, por diferentes razões, que não interessa ao caso apreciar, tivessem sido depostos, todos mantiveram o título e tratamento correspondente até ao fim dos seus dias. Uma tal atitude, muito embora sem significativas implicações práticas, releva contudo uma enorme consideração pela pessoa e pela sua dignidade, mesmo quando afectada por alguma circunstância inabilitante do exercício do poder.


Esta primazia da pessoa, com independência da sua utilidade, afigura-se de um grande valor, sobretudo nestes tempos em que, por exemplo, a prática generalizada da interrupção voluntária da gravidez e da eutanásia, reduziu o ser humano a um mero factor de realização emocional e de produção. A Igreja ensina que a vida humana é sagrada, quaisquer que sejam as modalidades que apresente, e a monarquia portuguesa foi um vivo exemplo deste imenso respeito pelo ser humano e pela sua dignidade, mesmo quando a existência de alguém ainda não tem, ou já deixou de ter, as funcionalidades necessárias para uma vida gratificante, ou economicamente viável.

6. O regicídio e a implantação da república. «Lembrai-vos dos primeiros dias – escreve o autor da Carta aos Hebreus – em que, depois de terdes sido iluminados, suportastes tão grandes e dolorosos combates, ora expostos publicamente aos insultos e tribulações, ora tornando-vos solidários com os que eram assim tratados» (Heb 10, 32-3x).

O dramatismo do relato desta epístola parece evocar os tempos difíceis que a pátria sofreu em 1908 e, dois anos depois, com a instauração de um novo regime político. Muito embora a república se tivesse afirmado do povo e para o povo, a sua prática foi elitista, limitando até o número dos eleitores aptos para a participação nos plebiscitos nacionais. Não só a liberdade política foi drasticamente prejudicada com a instauração do regime republicano, como também a liberdade religiosa foi praticamente abolida, com medidas que lembram os piores regimes totalitários. Algo semelhante ocorreu também com a liberdade de imprensa, formalmente reconhecida pelo Estado surgido do golpe de 5 de Outubro de 1910, mas depois de facto abolida pelas sistemáticas investidas contra as publicações patrocinadas por tendências não afectas às forças governamentais.


Neste sentido e sem exagero na análise, pode-se dizer que os monárquicos e os cristãos que ousaram enfrentar o opressivo regime republicano foram então os verdadeiros defensores da liberdade. Pelo contrário, quantos se opuseram, às vezes até com violência, à propagação dos ideais monárquicos e dos princípios cristãos, ainda que em nome de uma ideologia supostamente democrática e livre, ficaram objectivamente conotados com uma prática totalitária que não honra a História de Portugal.

Mas o valeroso esforço por que tiveram que passar quantos, não obstante amudança política, se mantiveram firmes na fé e na fidelidade à Pátria e ao Rei, não foi em vão. «De facto – prossegue o inspirado autor da Carta aos Hebreus – compartilhastes o sofrimento dos prisioneiros e aceitastes com alegria a espoliação dos vossos bens, sabendo que possuís riqueza melhor e duradoira» (Hb 10, 32-39).

Não foram poucos os sofrimentos por que muitos portugueses de boa cepa tiveram que passar, como consequência do advento do regime intolerante nascido no início do quarto trimestre de 1910. Famílias houve que foram espoliadas dos seus bens, não poucos combatentes experimentaram as agruras do cárcere e todos, de uma forma ou outra, foram «expostos publicamente aos insultos e tribulações» (Heb 10, 32-39).
 

Em tempos difíceis, como a hora presente, há que renovar a fé em Deus e em Portugal: «não queirais portanto, perder a vossa confiança, que terá uma grande recompensa. Vós tendes necessidade de perseverança, para cumprir a vontade de Deus e alcançar os bens prometidos. Porque “ainda um pouco e bem pouco tempo, e Aquele que há-de vir não tardará”» (Hb 10. 32-39).

 
7. Conclusão. «Já chegou o tempo da colheita» (Mc 4,26-34), e, portanto, a certeza de que a semente lançada à terra, não há-de ficar infecunda, mas produzirá a planta, depois a espiga e, por fim, o trigo maduro na espiga (cfr. Mc 4, 26-34).
 
Ao saudar Maria, a que é bendita porque bendito é o fruto do seu ventre, renovemos a nossa fé e o propósito de uma vida mais autenticamente cristã, para que cada um de nós, tendo cumprido a sua missão eclesial e patriótica, possa dizer com o poeta «que, da obra ousada, é minha a parte feita: o por-fazer é só com Deus».